O ano de 2015 está acabando e o nosso
Garotão está saindo da Educação Infantil e segue agora para o Ensino
Fundamental. Um grande passo, mas que veio com um novo desafio: a escolha da
escola de Ensino Fundamental. A nossa primeira proposta é ir para a escola onde
o Garotão é atendido no contra-turno. Mas, sabemos que esse plano não é
garantido. Então, meu marido e eu fomos conhecer as escolas particulares mais
próximas para elaborarmos um “Plano B”. Eu sabia que não ia ser fácil, mas não sabia
que seria tão difícil... Foram 5 escolas mais próximas e decepção com todas
elas...
Não ligamos para nenhuma delas para agendar
visitas, simplesmente aparecemos. Nosso contato primário foi com um funcionário
da secretaria, e para todos já avisamos que nosso filho era autista e que
precisava de acompanhamento individualizado.
Nenhum dos funcionários que foram nossos
primeiros contatos respondiam sobre a questão da inclusão. Diziam que somente o
pedagogo poderia responder as nossas perguntas e então, precisaríamos agendar
um horário com esse profissional para sanar nossas dúvidas. Então, fazíamos
perguntas como de sondagem para esses profissionais para tentar perceber o que
eles sentiam em relação à inclusão, porque, no meu pensamento, se a educação
inclusiva é política da escola, acredito que mesmo que as melhores informações
sejam através do pedagogo, o pensamento desse primeiro profissional poderia dar
uma visão do que a escola já viveu em relação a isso.
A primeira escola que visitamos foi ainda
no ano passado. Conseguimos conversar imediatamente com a pedagoga. Mas, apesar
de dizer que a escola já tinha tido alunos autistas (parecia que apenas um),
ela não sabia como funcionaria se tivesse que ter acompanhamento individualizado.
Não tivemos nenhuma informação mais sobre inclusão.
Eu tinha uma baita expectativa quanto à
segunda escola que visitamos. Já escutamos relatos de alguns alunos autistas
matriculados lá e até de funcionários. No primeiro contato para visita, a
funcionária disse que teríamos que conversar com a pedagoga, mas que o ideal
era conversar com a diretora, que era especialista em Educação Especial. Fiquei
empolgada. Então, fiquei esperando um telefonema agendando um horário com essa
pedagoga. Infelizmente, dias depois recebi o telefonema dizendo que a escola
não tinha mais vaga para crianças especiais (Não sei se eles tem respaldo quanto
a isso, ou se caberia uma denúncia, mas imagina enfiar o seu filho “goela abaixo”
numa escola? Não me sentiria segura em deixa-lo lá sem minha presença... vai
saber? Não gosto de climão...)
A terceira escola é uma escola pequena, bem
perto de casa. Mas, a funcionária não sabia falar nada sobre educação
inclusiva. Não sabia se já teve alunos e que só a pedagoga poderia explicar o
que eu queria.
A quarta e quinta escolas que visitamos são
de grandes redes de ensino. Aí, eu sinceramente esperava que a experiência com
crianças especiais seria maior. Vamos lá.
A funcionária da quarta escola era novata.
Nos apresentou as mensalidades e quando perguntamos sobre “inclusão e autismo”
ela chamou uma funcionária mais experiente. Fiquei feliz e esperando que
tivesse algumas informações sobre a política de inclusão da escola. Então, essa
funcionária me chega cheia de apostilas e me fala que essas eram as apostilas
que usavam. Eu tentando entender o que os livros tinham a ver com a inclusão
(eu achava que o material didático era especial, ou coisa assim), aí descobri que
ela tinha entendido “livros” ao invés de “autismo”. Eu e meu marido rimos
baixinho. Então, a funcionária disse que somente a pedagoga poderia conversar
conosco e ficou de agendar um horário para conversarmos. Tentei uma nova
sondagem e ela respondeu que eles tinham alunos autistas. Aí, soltei: “é que
meu filho precisa de acompanhamento individualizado”. A funcionária respondeu
prontamente: “A gente não trabalha com isso aqui.” Bom, já tem quase um mês e
ainda não recebi o telefonema agendando com a pedagoga pra eu tirar as minhas
dúvidas.
A quinta escola também foi quase a mesma
coisa, mas tive um sinal de esperança. Quem nos apresentou a escola foi a
coordenadora de turno, e não uma funcionária da secretaria. Vi num painel um
cartaz sobre educação especial. Então perguntei como era que a escola funcionava
a educação especial. A coordenadora disse que já tiveram alunos especiais e que
a turma poderia ter um estagiário caso a turma atingisse um certo número de
alunos. Então, acendeu uma luzinha de esperança. E, para aumentar ainda mais a
minha pontuação com a escola, naquela mesma tarde, a pedagoga me ligou. Então
levei um balde de água fria: a escola não trabalha com acompanhamento
individualizado. E, ainda questionou porque eu estava tirando o meu filho da
escola pública. Depois encerrou a conversa dizendo: “nenhuma escola particular
dará ao seu filho o atendimento que ele tem na escola pública. Ele está muito
bem amparado onde está.”
Triste, né? Pelo que eu percebo, crianças
especiais não são público alvo para as escolas particulares. Não somos alvos de
propagandas. São cinco, seis escolas particulares fazendo suas propagandas na
televisão e até agora, não vi nenhuma chamada com nenhuma notinha sobre
inclusão. As vantagens que as nossas crianças teriam nessas escolas não são
divulgadas como pontos positivos. Se a incidência de autismo na população é de
menos de 1/100, todas as escolas com mais de 100 alunos deveriam ter pelo menos
um aluno especial. Mas, a sensação que temos é que não somos desejados como
clientes desse mercado. E, pelo que vejo em reportagens, para que tenhamos
qualquer direito garantido, processos e advogados parecem ingredientes
imprescindíveis.
Temos mais escolas nas proximidades, mas
vou dar um tempo. Vou esperar. Meu filho tem vaga garantida numa escola
pública, e junto com ele vou lutar pela qualidade dessa escola, como lutamos
pelo CMEI. Sei que o “Governo” tem obrigação de oferecer aquilo que lhe é de
direito e pelo que percebo, as escolas particulares se refugiaram nessa
premissa. Ou seja: se o governo não dá, também não daremos.
E, aguardamos ansiosamente a hora da
matrícula: o que nos espera em 2016?
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos
quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem
quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. E nem onde o Garotão há de
estudar. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o
vestuário e o Garotão mais que a escola?”
Paráfrase Mateus 6:25
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Estarei respondendo aqui mesmo pelo blog, ok?
Que Papai do Céu te abençoe!!!