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terça-feira, 10 de julho de 2018

A hora de Parar


A hora de Parar

Hoje o Garotão teve consulta com a Neuropediatra. Foi o retorno após a parada em todas as terapias. E, Graças a Deus! Depois dessa decisão tão diferente, a própria neuro viu como que o Garotão está evoluindo!
No final do ano passado, o Garotão chegou num nível de estresse que suas estereotipias e a agressividade tinham aumentado muito. Tanto a escola como a neuropediatra perceberam que a carga de atividades terapêuticas estava muito elevada. E a decisão da família, com o suporte da neuropediatra, foi dar uma parada em tudo. Todas as terapias.
Foram 2 meses sem qualquer atendimento terapêutico. Quando as aulas voltaram, voltamos com a fonoterapia, dessa vez, domiciliar. Logo no início, a própria fonoaudióloga percebeu como o Garotão estava se desenvolvendo muito melhor. E, há um mês, estamos retornando com a psicoterapia, usando uma linha bem polêmica quando se fala de autismo.
E, os resultados dessa mudança? Uma criança mais centrada, com melhor aproveitamento da comunicação e interpretação de textos. Uma criança que está sendo trabalhada como indivíduo, construindo sua identidade, percebendo que sua vida não é apenas ‘”consertar” o que o autismo traz, mas que o Garotão é uma criança, que tem suas dificuldades,  mas é simplesmente criança. Uma criança que já percebe que está nervoso, agitado e que sabe que precisa respirar para esperar passar as crises. Sabe que precisa parar até que suas emoções se reorganizem.
Na consulta, logo a neuropediatra percebeu uma criança diferente que está acostumada a ver. Uma criança que foi direto procurar os brinquedos e achou um cérebro e que já queria brincar com ele. Mas, que quando ouviu que teria que tomar cuidado, perguntou pelos brinquedos. Uma criança que passou toda a consulta sem manifestar nenhuma estereotipia. E até mesmo a abordagem psicológica ela não questionou, inclusive mencionou as vantagens que o Garotão teria com ela.
Concluindo a consulta, a neuro reforçou o quanto é importante perceber que as crianças com autismo são diferentes, e que cada um deve ter um acompanhamento diferenciado. O quanto cada terapia é importante para cada fase da vida e o quanto precisamos ter sensibilidade para perceber os limites das terapias e das crianças.
E eu fiquei muito aliviada. Quando iniciamos essa tomada de decisão, o medo foi muito grande. Eu tinha medo de estar fazendo a maior besteira da vida, medo de estar colocando o Garotão numa situação de perda de habilidades. Hoje vemos que foi uma escolha acertada, foi uma coisa de Deus tanto a percepção da família, o apoio da médica e o cuidado dos terapeutas que vieram até aqui, e daqueles que estão conosco nesse novo caminho.
Não devemos nunca esquecer que cada criança com autismo é diferente, cada uma tem sua necessidade, sua especificidade. Termos sempre a sensibilidade de perceber nossa criança como um indivíduo que tem sua personalidade, seus desafios e que o autismo é apenas parte, e não tudo!